A ideia do orçamento Zero

Na Grécia sabe-se que depois de uma auditoria descobriram-se milhares de gastos do estado em funções que deixaram de existir mas sobre as quais ainda existiam funcionários e respectivas remuneraçoes. Os casos mais pragmáticos descobertos referem-se a lagos já inexistentes que continuavam com motoristas, directores e jardineiros afectos aos mesmos como se continuassem em plena actividade.

 

Em Itália, depois de uma profunda auditoria feita ao Estado, descobriram-se preciosidades como a existência de um gabinete destinado a pagar pensões aos sobreviventes da guerra da unificação, que terminou há quase 150 anos. O departamento tinha um diretor, um motorista e mais um par de pessoas que, literalmente, viviam num dolce far niente.

De qualquer modo, tenho a certeza de que uma auditoria séria feita aos departamentos de Portugal, encontraria muitos anacronismos, inúmeras duplicações e, muito provavelmente, gabinetes destinados a causas que já nem existem.

 

Era interessante que se colocasse em cima da mesa uma hipótese séria: a de revisitar o monstro que é o nosso Estado, com olhos de ver. Vendo onde há excessos e onde há faltas - que também as há e muitas. Em vez de, como é costume, adicionar ou diminuir verbas em percentagens relacionadas com os orçamentos anteriores, o que na verdade dá de barato, e por inércia, a necessidade de todos (ou quase) os serviços.

 

Há mais de 30 anos João Salgueiro referia que seria necessário um Orçamento feito na base zero para compreender exatamente o que era necessário e o que era supérfluo no Estado português. Jamais foi feito. Mas hoje, que pedem aos portugueses que paguem uma enormidade para o seu funcionamento, temos de exigir saber o que estamos, realmente, a pagar. É urgente matar o monstro